Baseados nos conhecimentos técnicas das equipes e também daqueles adquiridos através de debates com a equipe da LACChain, a equipe do BNDES produziu um framework para guiar alguns dos principais debates necessários para colocar o piloto da rede de pé. O framework segue abaixo:
Dentre os debates e iniciativas mais relevantes, destacam-se, pelo menos, os seguintes:
- Identificação e identidades autossoberanas
A possibilidade de reuso de soluções de identificação por diversas aplicações governamentais foi um dos principais motivos discutidos no BlockchainGov que justificariam a criação de uma rede com as características da RBB. O BNDES chegou a produzir soluções simples para lidar com a identificação de pessoas jurídicas. A possibilidade de suportar também identificação de pessoas físicas seria um salto ainda maior e, por restrições legais e características da tecnologia, teria que abordar o tema de identidades descentralizadas e autossoberanas. A retomada das inicitivas, agora em bases mais formais, certamente passará por esse tema, após priorização pela governança da RBB.
- Controle de uso
A grande maioria das redes públicas (raras exceções, como o IOTA) têm seu controle de uso garantido através da cobrança de taxas variáveis para operar na rede. Quanto maior o uso, maior as taxas e, assim, ocorre o controle do uso.
Em redes permissionadas, é preciso haver um acordo entre os participantes. No caso de redes público-permissionadas, este acordo é mais complexo, pois pode envolver o envio de transações por agentes externos à rede em si. Na LACChain, tal controle se dá através do uso de meta-transações, técnica que provavelmente não será utilizada na RBB, dada sua complexidade técnica. Portanto, trata-se de um desfio técnico importante a capacidade de dividir a quantidade de processamento disponível na rede de forma uniforme entre os seus participantes.
- Observação
Redes público permissionadas usam infraestrutura tecnológica de redes permissionadas. Para se tornarem públicas, é preciso garantir que não corram risco de serem atacadas, principalmente, por ataques de DoS e assemelhados. Portanto, é preciso criar soluções para permitir esse comportamento. Tais questões têm alguma semelhança com o ponto anterior, do controle de uso.
- Responsabilização
O problema a ser resolvido aqui pode ser resumido da seguinte forma: se houver algum ato inadequado na rede, como detectar e responsabilizar o seu autor? O ideal é que tal responsabilização seja feita de forma a garantir o não repúdio, ou seja, que o autor possa ser identificado sem a possibilidade de negar sua responsabilidade. Tal questão torna-se ainda mais relevante no caso de blockchains, dadas serem uma infraestrutura compartilhada.
- Monitoração e tratamento de incidentes
Em geral, os processos de monitoração e tratamento de incidentes ocorrem internamente a uma empresa ou, mesmo quando envolvem diversas instituições, têm uma natureza mais hierárquica. Como realizar a monitoração conjunta de uma rede onde nenhum dos participantes tem incidência ou prioridade sobre os outros? E como tratar os incidentes, dado que eles podem envolver diversos atores na rede? Estas são as questões a serem tratadas e elas passam não apenas pelos aspectos técnicos, mas também de processo, de governança e até aspectos de regulação.
Estes são apenas alguns destaques. São diversos debates e iniciativas para viabilizar uma rede com as características da RBB.